quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A sala

Leonardo Martins

É extremamente intrigante o fato de diferentes pessoas entrarem em nossas vidas, sem pedir licença e sairem sem se despedir. Vou contar pra você uma história que aconteceu comigo  há duas semanas atrás. Uma parada de sentimentalista, bobão... de um verdadeiro bunda mole. Só pra te adiantar, não aguentava mais a minha sala lá do “trampo”. Pode acreditar, tomei abuso daquele espaço. Tenho plena certeza do que estou falando e te digo mais, estou precisando de férias, tou pedindo arrego.

Bom... tudo começou quando Ana, uma colega minha de setor pediu demissão. Pra mim foi um choque e tanto, pois além de colega também era uma grande amiga, que sabia, podia contar para todas as horas...

Enquanto Ana se despedia dos demais colegas de trabalho, eu pensava na falta que ela iria fazer na minha vida, nas dicas que ela me dava em relação a alguns problemas, nas conversas na pausa pro café das 16 horas. Até das queixas de clientes que ela fazia para si mesma, que pra mim as vezes poluia o ambiente já estava sentindo falta, dá para acreditar em uma coisa dessa? É, pois é! Mas isso não é tudo meu caro amigo João. Eu não tinha ideia de quando iria encontrá-la novamente, e se um dia iria.

Ela ainda passou pela recepção antes de sair pela porta da frente. Angustiei na hora! Voltei para a sala e lá estava a antiga baia dela, do lado direito da minha. Parei um tempo, observando o local, estava vazio. Era como se um sentimento nostálgico tivesse reinado em mim, justo em mim, acho uma frescura ficar sofrendo por algo passado.

Voltando às minhas atividades, comecei a notar que algo ainda me encomodava. Um silêncio perverso tomava conta daquela sala. Nada fazia som algum, exceto o tradicional barulhinho do ar-condicionado. Não era ele que me incomodava naquela tarde entediante, até que gostava daquele som companheiro.

O telefone tocou, rapidamente levantei. Será que era Ana? Acreditei plenamente que poderia ser a própria, mas na verdade foi apenas mais um daqueles clientes chatos, querendo tirar dúvidas do sistema.

Resolvi rapidamente o problema e logo estava novamente jogado no silêncio da sala, e por sinal, que sala fria! Imagina ai, silenciosa, fria e entediante. Você não iria aguentar ficar muito tempo nela não, te garanto.

Estava contando os minutos para ir embora, doido que chegasse o fim daquele expediente de uma segunda-feira cruel e em uma rápida reflexão, cai na real. Deixa eu trabalhar, porque se não quem fica sem emprego sou eu.

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