sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Odeio a cozinha

Suiá dos Santos

No feriado do dia das crianças, todos estavam reunidos lá em casa, um faz uma coisa, outro prepara outra, meus irmãos e meu primo corriam de um lado a outro da casa, e eu estava ali fazendo o que mais detesto: cozinhar. Enquanto eu preparava a lasanha que meu namorado mais gosta, eu entrava em surto, uma briga terrível acontecia na minha cabeça, será que devo estar fazendo isso mesmo? Enquanto ele lá na sala sentado, acessando a internet, sem nem me ajudar, mas claro, ele não mora lá. Onde mais que ele poderia estar? Isso me fazia sentir presa, sufocada pelo machismo, tudo isso porque um cara me disse que lugar de mulher é na cozinha. Frustrei! Com uma dessa você queria o que? Que eu ficasse feliz em saber disso?

E a cada fatia de queijo que eu colocava, eu ia lembrando as palavras desse cara que conheci no ônibus enquanto viajava para visitar minha família e o meu amado. Ele me disse que a mulher tem que cuidar do maridinho, preparar seu alimento e não brigar quando ele chegar da rua mesmo que seja meia-noite... O que me faz pensar diante disso é será que todos os homens são iguais? São todos uns trastes? E não percebo isso porque estou apaixonada? E se eu casar vai realmente acontecer isso? Nãao, não quero nem acreditar. E como uma alucinação eu ouvia: - Não conheço nenhum homem fiel, não existe... Estava praticamente dando um colapso. Pronto, a lasanha foi ao forno.

E durante todo aquele processo na cozinha, eu ficava mais aflita. Porém, o que realmente mexia comigo era como é que, em pleno século XXI, com o avanço da tecnologia a cada dia, a mulher conquistando do nascer ao pôr-do-sol o seu espaço na sociedade me deparar com um cara que tenha agido de forma tão grosseira e machista. Mas vejo uma solução: para esta terrível situação é incentivar as mulheres a se lançarem mais e mais buscando pelo seu espaço, mesmo que tenham que preparar uma lasanha para o seu namorado. Ah! E ter compaixão de caras, tipo esse: que param de pensar, ou seja, regridem enquanto as mulheres avançam.

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