quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Amor felino

Ágata Fidelis

Estava pensando sobre os sentimentos, e de repente cheguei à conclusão de que o amor é o sentimento mais nobre deles, indivisível. Quando amamos alguém ou algo, mais queremos amar e mais amamos. Há seres porém que não levam amor no coração, ou pelo menos dão essa impressão. Será? Perguntei a mim mesma. Alguma coisa, algum dia esse ser deve ter amado.

Eu mesma certa vez tive um gato, Guga era o nome dele. Sim, em homenagem ao tenista!! Meu gato era lindo, malhado, de um cinza escuro, meio esverdeado. Nunca tinha visto felino tão grande e robusto, parecia um daqueles "bichinhos" do Discovery Channel. O tempo foi passando, Guga foi crescendo e percebemos que não era só a aparência que lembrava os "gatinhos" do canal pago, sua natureza era diferente da dos outros gatos que eu já havia tido, havia algo de selvagem naquele bichano.

Nenhum outro gato podia chegar perto dele, nem ninguém, em momento algum, e a superioridade no tamanho e força era gritante, mas o que ninguém podia deixar de perceber é que aquele gato de aparência selvagem, e temperamento violento, que ninguém encostava, tinha um carinho especial por mim, um amor mesmo. Eu podia chegar perto, acariciá-lo e até mesmo pegá-lo no colo, mesmo que com, digamos, uma certa precaução.

Certa vez deitei com ele ao meu lado, depois de muitos olhares apaixonados e afagos, ele adormeceu, ali, juntinho à mim, eu e a fera. Pensei comigo, como o amor é mesmo um sentimento nobre, se o King kong pôde ser domado pela loirinha frágil do clássico, eu também podia domar o meu bichinho selvagem, com a diferença que ali não era ficção, era meu bichano, peludo e real. Enquanto pensava nisso Guga acordou, deu de cara comigo, com o rosto muito próximo ao dele, levou um susto! Não estava acostumado com a proximidade física, me deu um golpe no rosto, com aquelas patas enormes, de garras afiadíssimas. Tudo durou segundos, entre meus pensamentos, o olhar assustado, o golpe, a fulga, e o sangue escorrendo. Depois disso cheguei à conclusão de que sim, o amor é relativo, num momento amamos, em outro não, que nem maré, uma hora hora vem, outra hora vai... E assim seguimos amando, como o mar, como Guga.

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