quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A laranja bohêmica!

Luan Guimarães
Tudo começou na faculdade. Eu, calouro, logo de cara já me deparo na sala dos meus anfitriões do 2° semestre. Dizem que depois das tempestades sempre acontece a calmaria, o sol brilhante e forte que abduz o tempo ruim, bom, de início foi estranho, porque, para os calouros entrarem, a sala do 2° semestre seria dividida, por modificações na grade dos novatos (segundo o coordenador, na época). O pessoal do 2° semestre ficou louco, uns nem tanto, mas a maioria discordava em gênero, número e grau do fato de se separarem para dar lugar a outras pessoas, que de início, para eles, pareciam mais extraterrestres. Passado um tempo, este onde iriamos sofrendo a mutação na qual virariamos seres iguais aos outros, foram se conformando e eu fui fazendo umas amizades, tirando Léo, que já conheço há mais ou menos 11 ou 12 anos, não conhecia ninguém, mas, de qualquer forma, facilitou e muito na minha adaptação ao ambiente, alguns dias se passaram e de repente surge a notícia de que haverá um campeonato de futsal interno na faculdade, com o objetivo de tirarem os melhores de cada time para montar o time da faculdade, ótimo, pensei, com um bom tempo já parado, posso voltar a fazer uma das coisas que mais gosto e também me integrar mais com o pessoal.

Indo com Léo, perguntar sobre a inscrição, me deparo com Lula e Pedro voltando do mesmo local, Léo pergunta a Lula: "velhão, tá sabendo do campeonato já?", Lula diz que sim e que acabara de voltar do lugar de inscrição, onde foi procurar saber do regulamento, ótimo, facilitou um bocado, o negócio era o seguinte, podiam ser inscritos até 12 jogadores e todos teriam que ser do mesmo curso, bom, vamos caçá-los agora.

Falamos com Pedro, que faz parte do 5° semestre, que chamasse uns amigos, e nós nos encarregaríamos de falar com o pessoal do 1° e 2°, pois é até onde tinhamos acesso, por não conhecer outras pessoas de outros semestres. Chamamos os que pudemos e que afirmaram que jogariam, eis o problema, só podem 12 jogadores, e tinhamos 13, antes do começo do campeonato, um teria que ser cortado. Montamos então, como ninguém tinha aula em um determinado dia da semana, um treino, para decidirmos quem vai ficar no time, fora o critério talento, que este, admito não ser o meu forte, tinha também o de comprometimento e colaboração com o resto do time.

No 2° treino paramos para pensar sobre o nome do time, após algum tempo de discussão, Lula falou em alto e bom tom: "Laranja Mecânica!", e, olhando a fisionomia do time, soltei a pérola: "Laranja Mecânica Futebol e Cerveja!", todos riram e concordaram em por este, o nome completo do time. Como foi a melhor opção até então, aderimos e já estava tudo certo, já tinha desenhado até o uniforme e o escudo do time, dias iam passando e chegava a hora de cortarmos um da equipe, a ideia era dolorosa, pois já tinhamos criado um certo laço de amizade, e por não nos conhecermos a muito tempo, alguns também tinham receio de ter que fazer essa escolha. Bom, campeonato chegando e é chegada a hora da decisão, alguém seria "jubilado" do time. Feita a votação, Danilo, eu e Deivison ficamos na diferença de um voto, de um para o outro, na ordem, fomos os menos votados, mas, infelizmente, o que possuiu menos votos foi Deivison, e o mesmo teve que ser cortado do time, depois de comparecer a treinos e tudo mais, o "velhinho" até que não é ruim de bola, não, partilho da opinião que possui mais talento que eu, e também é supergente boa, fiquei feliz por ter continuado, mas, infelizmente, alguém tinha que ser cortado, e dessa vez esse alguém foi ele, mas é bola para frente, já dizia o ditado.

Às vésperas do campeonato, pensamos melhor e resolvemos mudar novamente o nome do time, pois a "Laranja Mecânica", fazia alusão a um apelido dado a forte seleção holandesa de futebol de campo, em determinada época. O tempo era curto e precisavamos de um nome, todos queriam que continuasse o "Futebol e Cerveja", pois era a parte hilária do nome, e então, surgiu a ideia do BOHÊMIOS FC (Futebol e Cerveja), todos gostaram, e como o tempo era curto, resolvemos colocar esse mesmo. Prontamente mudei o escudo e redesenhei o uniforme, que precisava ser entregue no ato da inscrição. Nos inscrevemos e a partir dali a coisa era séria, a cada dia que se aproximava o campeonato, "mermão", era uma loucura, já tínhamos feito o uniforme, decidido os titulares e reservas, continuávamos treinando ansiosos, até que é chegada a hora. O campeonato começa, e no nosso primeiro jogo, contra um time onde todos diziam ser um dos melhores da faculdade, ganhávamos por dois gols de diferença e por fim empatamos (5x5 foi o resultado). A frustração tomava conta dos Bohêmios, que tinham sede de classificação, no segundo jogo, ganhamos (3x1), e o otimismo ja tomava conta do ambiente, precisavámos apenas de 1 vitória contra um adversário direto, que era o próximo jogo, e por fim, cumprir tabela.

Não foi bem o caso. No jogo seguinte, tomamos a "sacolada" de 10x3, e víamos distante o alcance do nosso objetivo, a classificação, teríamos que ganhar o último jogo e torcer para que o time que ganhou do nosso time perdesse. Chegada a hora, a nossa parte fizemos, embora o outro time, já sem chances de passar a outra fase do campeonato, não ter comparecido, de qualquer forma ganhamos e torcíamos para o nosso adversário direto perder. Oferecemos até a famosa "mala branca" para que o time adversário ganhasse dos nossos "desafetos", mas soubemos que não aconteceu. Não procurei nem saber o resultado do jogo, só vi o nosso sonho de classificação sendo destruído e ali acabava o campeonato para nós.

Fim da linha para a Laran... digo, os Bohêmios, mas pra mim, o importante mesmo foi conhecer melhor cada pessoa que conheci, viver o que vivi e independente do que aconteça, levar na memória e no coração, cada laço construído. E que venham os próximos campeonatos...

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