sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Eu preciso dizer que te amo...

Eneyle Freitas

De vez em quando paro e penso. Só de vez em quando. De vez em quando sinto e dou risada. Só de vez em quando. De vez em quando lembro e choro. Mas é só de vez em quando. Sei dizer que comigo acontece mais ou menos assim: é cedo. Preciso acordar e dar aula. Mas é o pior dos dias, num tempo não tão bom. O dia nem deveria acontecer hoje. Eu deveria dormir. Dormir e acordar depois de quarenta dias (nada como um dia após o outro), com o tempo passado, coração mais brando, corpo mais leve e, na mente, mais paz. Entretanto, vou pra sala de aula, onde meus alunos de Jornalismo me esperam. Entre os quinhentos do semestre, estão a me esperar (estão?) os meus 30 especialíssimos de Jornalismo. Aí abro os olhos, pulo da cama, puxo as cortinas, um dia de arrepiar, tomo coragem e aperto as mãos. Mais um dia!

Pior do que acordar cedo depois de uma noite mal dormida é levantar cedo numa manhã de chuva. Então... Sou feliz. Feliz rumo a minha empreitada diária. Bom dia, Eneyle! Nossa aula é neste laboratório hoje? Se a voz fosse outra, eu a reconheceria do mesmo jeito, pela arrumação das palavras. É Hugo! Pra todas as coisas existe o Mastercard. Mas para o bom dia de Hugo... Affff... Não há Mastercard certo!!!

Tive vontade de encontrar Pri (na outra metade da turma) e receber o abraço forte de quem está sempre perto. Ela não estava. Entramos no laboratório de informática. Mari, May, Cami Gonzalez, Saroca, Laís, Huguito. Sentamos. Pra mim é novidade aula no laboratório. As meninas no meio, Hugo atrás, Lai lá no fundo. De repente... Pá! Abrem-se as telas dos PCs. Em qual sítio? ORKUT! Tomei um choque e dei um grito sem querer (choque faz isso com as pessoas!). Eu não sabia que tínhamos acesso a Orkut ali. Quem liberou esse negócio? Obra de Deus certamente não é! Mas elas explicaram... É só aqui, profi, só neste laboratório. Então escolhemos o certo! Certo porque é a minha turma de Jornalismo. E eles, pelo menos em sala, sabem a medida certa de todas as coisas e horas. Então, posso me divertir. Posso ver as fotos de um carnaval que inventaram no meio da rua para uma filmagem de outra disciplina. Me acabo com Tham banguela e Rafa ladrona. E me acabo com as risadas das meninas, que se acabam com os comentários naquelas fotos loucas de um carnaval inventado. Sinto falta do restante do grupo. Cadê o pessoal, minha gente?

As meninas saem do Orkut, começam a providenciar a postagem das crônicas no nosso blog. Lai me chama ao fundo. Vejo o texto dela. Qual será postado? E é crônica? E não vamos revisar? Sento ali, preciso ler um texto imenso que ela já havia me dado. A porta se abre e evém a turma abafada. Tham, na frente da fila, justifica o atraso, num sorriso gostoso de quem encontra o príncipe encantado. Até que enfim achamos vocês, já rodamos a faculdade toda. Senta, afoita, a meu lado, pergunta o que fazer, qual texto posta, falante, falante. Michele me chama, Elvis, Luana, Ana... Aos poucos, todos vêm. E a crônica de Laís adormece em minhas mãos. Enquanto respondo as mil perguntas de quem chega, Lai, paciente que só... Profi, minha crônica, lê aí... Volto para o texto dela. Tham se levanta. Eu grito sem querer (choque faz isso com as pessoas!): vai pra onde? May parecia estar a sua espera, mais à frente, já agoniada, esperando a parceira inseparável. É pra ficar aqui perto de você, é? Então, tá! Eu digo, fique, Tham, você sabe que te amo...

E a aula segue assim. Termino o texto de Lai, que é uma crônica massa, e levanto. Vou de um em um. Chamo Léo o tempo todo pra perguntar como devemos postar o texto, qual o login, qual a senha... E ele ali, na assistência... Como faríamos o blog sem Léo?

O tempo é instantâneo. Pra mim, mais que instantâneo. É mágico. Todo mundo lindo, sentadinho, digitando, revisando, postando, procurando foto pra postar. Sento, vejo o andar da carruagem, e o blog vai avançando, num piscar de olhos. O bebê de Elvis ficou show, assim como as mulheres de plástico de Thai. Em um milésimo de segundo me pergunto: onde está aquela pessoa que queria dormir por quarenta dias? Onde está a aflição da insônia que me corroeu por toda a noite? E onde está, meu deus, o cansaço de mais um dia de trabalho pós trovoada de revisões dos últimos dias? Sumiu! Evaporou-se! Fantasmagorizou-se!

O que acontece quando estou nesta sala? E o que seria de mim sem Érica me escrevendo, de presente e na folha de caderno, os nomes de cada um nos grupos do sarau? Sem May me perguntando qual o objetivo daquela aula de sexta? Sem Hugo dizendo que e-mail não é tipologia textual e que a sala não tem cinco cantos? Sem Ágata lendo sobre o felino? Sem Miss Gonzalez reclamando que ninguém respondeu o e-mail sobre o sarau, sem Thai com as perguntas sobre como melhorar o seu Estação Mussurunga? Sem Tham chegando e me dando parabéns porque o dia anterior tinha sido meu aniversário e sem ela saindo e desejando boa viagem porque eu iria pro CBCENF? Sem Mari com seus questionamentos e críticas pra lá de polêmicos? Sem Jessica, naqueles óculos escuros no lado direito da sala, me chamando pra sambar? E sem Paulo, ao fundo, desligando o celular porque estou olhando pra ele?

O que seria sem os textos incríveis de Camila Gonçalves e de Pedro? Sem Luís, nervoso, perguntando se eu recebi a crônica que me enviou? Sem Suiá, falando do desajuste de seu relógio biológico? Sem Tham e Sara me acompanhando no Interculte e sem May (Dan e Maurício também, mesmo na turma B) na plateia? Sem Thy, querendo reescrever o texto de qualquer jeito, mesmo sem precisar? Sem Michele, com os olhos brilhando enquanto lemos os textos em semicírculo? Sem Theisse me ensinando a pronunciar o nome? Sem Sirleia tentando postar a crônica da lan house? E sem Whiddy e Carol prometendo postar a bendita ainda hoje? Sinceramente, NÃO SEI...

Sei que estou numa zona pra lá de zen! Uma zona de conforto, de aconchego, uma deliciosa troca em que só cabem prazer e respeito e sorriso e uma bagunça básica, loooógico. Porque sala sem uma bagunça básica, na moral, não dá! Entristeço quando penso naqueles que não têm isto. Que trabalham por trabalhar, que trabalham tão somente pelo ganha-pão, que trabalham apenas porque precisam. E fico desejando que esses meus alunos sejam profissionais tão felizes quanto eu. Até já sei que serão! E fico feliz, ao mesmo tempo, por me ver assim. Por saber a minha sala como o meu ar, o jardim, o quintal, a rede, o mar, o muro (não tão alto, claro!) de onde vejo o resto do mundo, onde traço meus rumos e me aprumo, onde me recrio, me invento, me descubro, me perco e me acho.

Caminho de casa. Paulo não foi hoje. Nem Gabriel. Nem Rafaela. Nem Taísa. Nem Kelly. Nem Luan. Nem Vanessa. E Amandinha (Sempre 'A'), como está agora? Sinto falta de Carol (que ficou na outra metade) e das conversas no corredor sobre os textos extras... Cadê Patriarca, Lindiwe e as 'Brunas' da B? Companheiro  nunca mais deu notícia da militância. Érica melhorou? Fizeram boa prova? A quantas anda a repercussão do primeiro jornalzinho que Suiá fez para o grupo da Igreja e que li em primeira mão? Deu certo a entrevista que fizeram com a diretora do RH? May, com a sandália quebrada, voltou pra casa como, pelamordedeus?

Já começo a sentir saudade. Danou-se! Saudade sadia. Saudade vadia, como diz Flávio Venturini. E é mesmo estranho sentir saudade quando ainda se está perto. Mas são os arroubos que essa turminha de Jornalismo, sem querer, apronta comigo. Tô pra ver! AAAAAAAMMMMOOO!!!!!!

2 comentários:

Kelly Catarine disse...

Professora, amei sua cronica!
Te adoro de montao!
Um grande beijo!!
Que voce continue sendo essa pessoa maravilhosa , escohida por Deus!

Kelly Catarine

Escrevendo Pensamentos disse...

Profaaa, adorei sua crônica!!!

Te adoro muito!

beijooos!

Thyara